ARTES PLASTICAS EM SANTOS
Adaptado da publicação de FINOCHIO Carlos.
SANTOS: PINTURA NO SÉCULO XX - Tradição, resistências e permanências. Webartigos. Professor
de História, Artista Plástico e Arquiteto. Mestre em História Social,
pós-graduado pela PUC SP, professor do curso de História da Universidade
Católica de Santos (História do Brasil, História Antiga e História da Arte).
Professor de História na Universidade Metropolitana de Santos (História do
Brasil, Patrimônio Cultural e Fundamentos de museologia). Publicado em 28 de abril
de 2011. Disponível em:
https://www.webartigos.com/artigos/artes-plasticas-em-santos-no-seculo-xx/64868 Acessado
em 16.09.2018.
INTRODUÇÃO.
Historicamente
a vida dos artistas plásticos de Santos não era fácil, pois não se consumia
artes plásticas como a literatura ou mesmo a música. Os casarões eram decorados
com poucas telas, geralmente de flores, um retrato, uma natureza morta para a
sala de jantar, mais uma ou outra tela de cenas rurais, retratando alguma
propriedade da família, e cenas da cidade de Santos foram raras nas casas da
aristocracia santista. As paisagens e marinhas poderiam ocorrer nas paredes da
sala de estar. Assim os pintores sofriam com a falta de mercado na cidade e
disputar um lugar na capital era muito difícil, já que lá estavam os artistas renomados
da época, tinham maior credibilidade e aceitação nas classes mais abastadas. Para
um artista plástico manter um atelier era preciso ser professor de pintura.(FINOCHIO 2011).
A
produção cultural de Santos do século XX se destaca muito em obras literárias
como contos, poemas, poesias, romances, crônicas, mas a pintura só arriscou uma
nova e tímida estética a partir da segunda metade do século XX por volta dos
anos 1930, sendo que a arquitetura já adotava técnicas mais arrojadas na sua
estética e materiais diferenciados. (FINOCHIO 2011).
Em
1917 Anita Malfatti promove uma exposição com pinturas fortes e livres sem a
menor preocupação com o naturalismo na capital São Paulo, vizinha de Santos, e
este evento moveu o foco artístico brasileiro do Rio de Janeiro para São Paulo.
Na época o Rio de Janeiro, capital do país desde a chegada de D.João VI,
centralizava o poder fortemente conservador, era o centro cultural das
academias, o mercado produtor e consumidor, na Escola de Belas Artes, o Salão
Nacional, a Academia Brasileira de letras, obedeciam cegamente às tradição
acadêmica francesa e seguida pelos artistas santistas. A exposição foi o palco
para o nascimento da grande revolução nas artes plásticas que ocorreria
futuramente em 1922. (FINOCHIO 2011).
FATOS
HISTÓRICOS.
Desde
o descobrimento do Brasil, a cultura europeia influenciou a pintura em Santos e
em todo o território nacional, até meados do século XX. Mesmo durante o período
do Barroco era direcionada para a igreja e realizada por artistas anônimos
autodidatas sem formação técnica, com inspiração em gravuras espanholas e
italianas. (FINOCHIO 2011).
Uma
nova estética em pintura chega ao Brasil com a “Missão Artística Francesa”,
por iniciativa do Conde da Barca, ministro de D. João VI, e vem como um projeto
da Escola de Ciências, Artes e Ofícios no Rio de Janeiro. Esta Missão difunde o
estilo artístico Neoclássico nas principais cidades do país e Santos esteve sob
a influência dos mestres da academia, que difundiram as novas regras e
técnicas. (FINOCHIO 2011).
Toda
a inspiração era veiculada pelas academias oficiais dos grandes centros
europeus o que não permitia autenticidade e espontaneidade de características
regionais ou nacionalistas. A situação econômica do Brasil também contribuía e
definia sua dependência, e os artistas brasileiros demoraram para sentir os
reflexos da Missão Artística Francesa. (FINOCHIO 2011).
As
pinturas produzidas em Santos nas primeiras décadas do século XX ressalta a
influência dos mestres acadêmicos franceses, muito expressiva nas obras dos
pintores radicados na cidade de Santos: Pedro Américo, Victor Meirelles, Zeferino da
Costa, Rodolfo Amoêdo, Oscar Pereira da Silva professor de Guiomar Fagundes
entre outros artistas que abraçaram os ensinamentos da academia obtendo como
prêmio viagens para a Europa, mantendo as convenções impostas pelo estilo
neoclássico. Os temas eram marinhos, aves, praias e barcos, retratos, cenas do
cotidiano, natureza morta e paisagens rurais.(FINOCHIO 2011).
Posteriormente
surge o romantismo permitindo o afloramento do emocional do autor, com uma
linguagem impressionista, formas geométricas, valorização da luz e da cor, com
temas do cotidiano e posições políticas, mas somente nos meados do século XX a
prática de pintura ao ar livre, vai ser mais explorada por alguns de artistas
em Santos. (FINOCHIO 2011).
Benedicto
Calixto de Jesus nascido
em Itanhaém, 1853, manteve estreita relação com a arte acadêmica francesa, mas conhecido
como "pintor caiçara" perpetuou imagens de Santos, São Vicente, São
Paulo e Itanhaém, além de inovar chegando a colocar vários negros e índios no
quintal de sua casa para poder estudar e pintar suas características e
atmosfera naturalista. Aos 28 anos realizou a sua primeira exposição em São
Paulo. Conseguiu, junto ao Visconde Vergueiro, uma bolsa de estudos em Paris.
Quando voltou ao Brasil o artista trouxe uma grande paixão pela fotografia,
arte que estava surgindo naquele período. Encarregado de pintar o teto do
teatro Guarany em Santos, Benedicto Calixto veio residir na cidade, e com ajuda
de Júlio Conceição realizou alguns trabalhos sob temas sacros e históricos. (FINOCHIO 2011).
Mas
as oportunidades surgiram para Benedicto Calixto em São Paulo, para onde o
artista se mudou em 1890, participando de várias exposições. Só em 1894 é que
retorna para o litoral, fixando residência e atelier em São Vicente. Nessa
época, começou a trabalhar pintura ao ar livre das paisagens marinhas do
litoral paulista e a lecionar pintura na escola Tarquínio Silva, na Associação
Instrutiva José Bonifácio e no Liceu Feminino Santista. No conjunto de sua obra
é observada uma colorida alegoria de fatos e cenas históricas ocorridas no
Brasil, tanto que serviu e serve como referência documental histórica. O pintor
executou várias obras, a pedido do amigo do amigo historiador Affonso de
Escragnolle Taunay para as comemorações do centenário da Independência do
Brasil em 1922.(FINOCHIO 2011).
Como
professor formou vários discípulos na cidade de Santos e região, como o pintor
santista Gentil Garcez, nascido em 1903, não se limitou às regras
acadêmicas francesas e pintou inúmeras paisagens e marinhas, sendo premiado no
Salão Paulista de Belas Artes em várias oportunidades. Por encomenda do Governo
de Minas Gerais realizou uma série de obras expostas hoje nas várias
repartições públicas de Belo Horizonte. (FINOCHIO 2011).
A
temática acadêmica francesa persistiu nos trabalhos do professor de artes José
Roncoleto Lubra, o premiado pintor das rosas, que além de pintar flores,
paisagens, marinhas e natureza morta imprimia uma transparência singular em
suas pinceladas, principalmente quando buscava registrar a água em telas de
grandes dimensões, trabalhando com o movimento das ondas e a luminosidade
típica da atmosfera marinha. Mas sua grande produção estava nas telas com
flores, preferencialmente nas rosas, tema bem aceito pela sociedade santista
conservadora. (FINOCHIO 2011).
A
artista autodidata Guiomar Fagundes nascida em São Paulo (1893-1975), pintora
reconhecida no exterior pelos seus nus, também foi uma apaixonada pelas flores.
A artista adotou Santos como sua terra de coração nos anos de 1960 recebendo o
título de "Patrimônio Nacional", por determinação de uma lei federal.
Na mesma época recebeu a "Medalha do Mérito Cultural" atribuída pela
Câmara Municipal de Santos. Sua obra mostra uma organização espacial bastante
convencional, equilibrada, mantendo o tema principal centrado na tela, no mais
perfeito molde acadêmico. O rigor acadêmico de Guiomar está presente nos vários
retratos de personalidades da sociedade santista, principalmente mulheres, e
nas suas raras paisagens. Merecedora de várias citações, prêmios e elogios da
crítica internacional, suas obras estão em vários museus do Brasil, de Nova
York, Lisboa, Uruguai e Argentina.(FINOCHIO 2011).
Esteve
na Europa onde seu trabalho era inspirado em poemas e obras literárias. A
pintora passava por dificuldades financeiras, mas não deixava de pintar. Ao
terminar a tela da "Ceia de Cardeais", como sua dimensão era
imprópria pelo que exigia o regulamento, um amigo sugeriu que a pintora
cortasse a cabeça de um dos cardeais e concorresse com esta parte da tela.
Guiomar se negou a mutilar sua obra. Na hora do julgamento, os homens deveriam
erguer suas bengalas para confirmar a aceitação do trabalho. Todas as bengalas
foram erguidas. Algum tempo depois o quadro foi comprado pelo governo
brasileiro, que dele fez presente para Portugal, sendo trocado pela espada de
D. Pedro I. Hoje o quadro se encontra no Museu de Lisboa. Guiomar pintou até
seus últimos dias de vida. Dona de uma vista invejável, faleceu em 1975, na
cidade do Rio de Janeiro aos 83 anos de idade. (FINOCHIO 2011).
Outra
paixão de Guiomar Fagundes foi a música. Chegou a tocar piano em apresentação,
com Guiomar Novaes e foi responsável pela fundação do Centro de Expansão
Cultural e da Orquestra Sinfônica de Santos. (FINOCHIO 2011).
A
boemia acompanhou vários artistas do período e a bebida foi uma companheira
quase constante de alguns pintores de Santos, assim como nas grandes capitais.
Alguns precisavam rifar suas telas para poderem conseguir sobreviver ou ilustrar
revistas, recorrer a alguns desenhos para propaganda em jornais, ilustrar
cardápios e, se possível, conseguir fazer um afresco em alguma igreja ou teatro
da cidade. (FINOCHIO 2011).
Menos
recomendável, outra prática percebida era a falsificação de obras de artistas
consagrados, como as de Benedicto Calixto. Havia um acordo secreto entre o
pintor, o restaurador - conhecedor de técnicas para envelhecimento de telas e
das molduras, para finalizar o processo nos leilões organizados fora da cidade
de Santos. (FINOCHIO 2011).
Antônio
Godoy Moreira, nascido
em Piracicaba (1899 – 1975) foi um desses pintores restaurador, técnica usada
em sua oficina na avenida Conselheiro Nébias, 262, ensinada por Altini. Estudou
agronomia por determinação dos seus pais e ao receber uma pequena herança de
família partiu para estudar no Rio de Janeiro, mas seu destino foi cortado,
indo morar em Santos, onde foi um assíduo frequentador das boates e bares da
"Boca", bairro que abrigou a prostituição em Santos nas proximidades
do porto. O Chave de Ouro e a boate ABC, frequentados por admiradores da vida
noturna e marinheiros de todas as partes do mundo, eram os preferidos do
artista, que mantinha contato com os comandantes e tripulantes suecos,
noruegueses e ingleses, seus clientes e consumidores de quadros. O artista boêmio
passava noites em navios para poder pintar e vender sua obra aos comandantes e
aos 20 anos seguiu para Madrid, buscando pesquisar e mais estudos sobre
pintura. Estudou em escolas e academias em Paris e Málaga. Visitou Londres,
Roma, Berlim e Madrid. Passou por momentos difíceis por não se preparar para
uma profissão. Só a pintura o interessava. Conseguiu uma passagem de volta para
o Brasil a bordo de um navio cargueiro.(FINOCHIO 2011).
Grande
retratista, habilidoso pintor ficou conhecido como "pintor das
cabeças", e seu tema predileto é o rosto humano, principalmente pelo seu
gosto em retratar o "preto velho". Desafiando amigos, o artista
apostou que terminaria o quadro antes do comandante partir. A aposta foi
fechada e 3 horas da manhã o quadro estava pronto, agradando muito o cliente. O
europeu foi até a casa do pintor e levou consigo todos os quadros que lá encontrou,
pagando uma boa quantia. Foi a primeira e última vez que o artista viu o tal
comandante norueguês Gustavson. Depois de algum tempo, Godoy soube, por amigos
que viajaram para Noruega, que seus quadros estavam numa sala de exposição em
Bergen, cujo nome era Antonio Godoy. (FINOCHIO 2011).
Em
um acidente de carro, na Via Anchieta Godoy perdeu um olho, passou dois anos
sem pintar. Montou uma galeria de arte no bairro do Gonzaga em Santos, ao lado
do Cassino Atlântico, dando um importante espaço para os artistas da cidade. (FINOCHIO 2011).
A
produção de Godoy encontrou espaço em países como Estados Unidos, China, Japão,
França, Inglaterra e Alemanha. Em Santos, numa única exposição no Parque
Balneário Hotel, chegou a vender todos os 102 quadros expostos. Godoy abraçou
Santos como se fosse sua terra natal como mostra sua fala quando recebeu o
título de Cidadão Santista: "...sou mais santista do que muitos que
nasceram nesta cidade. Amo esta terra..."
A produção cultural de Santos do século
XX se destaca muito em obras literárias como contos, poemas, poesias, romances,
crônicas, mas a pintura só arriscou uma nova e tímida estética a partir da
segunda metade do século XX, sendo que a arquitetura já adotava técnicas mais
arrojadas na sua estética e materiais diferenciados.(FINOCHIO 2011).
Ribeiro
Couto (Rui Ribeiro Couto),
diplomata, poeta, contista, romancista, magistrado e jornalista, nasceu em
Santos, SP 1898 faleceu em Paris 1963, e Roldão Mendes Rosa nascido em Santos
1924- 1988, são poetas e escritores santistas que com sua liberdade poética superaram,
e muito, a vontade de qualquer produção artística em pinturas sobre a paisagem
santista, seja ela urbana, ou natural. Toda temática ou objeto de produção que
poderiam servir para um pintor, não chegou a emocioná-los a ponto de garantir
um rico acervo de obras da cidade como tema. (FINOCHIO 2011).
Vizinha
de Santos, São Paulo moveu o foco artístico
brasileiro do Rio de Janeiro para a capital e foi o palco para o nascimento da
grande revolução nas artes plásticas que ocorreria futuramente em 1922, quando em
1917 Anita Malfatti promove uma exposição com pinturas fortes e livres sem a
menor preocupação com o naturalismo, tão cultuado pela antiga academia. Na
época o Rio de Janeiro, capital do país desde a chegada de D.João VI, centralizava
o poder fortemente conservador, era o centro cultural das academias, o mercado
produtor e consumidor, na Escola de
Belas Artes, o Salão Nacional, a Academia Brasileira de letras, obedeciam
cegamente às tradição acadêmica francesa e seguida pelos artistas santistas. (FINOCHIO 2011).
A
“Arte Moderna” influencia artistas jovens modernistas como Mario de Andrade, Oswald de
Andrade, Menotti del Picchia, Guilherme de Almeida, Paulo Prado, Vila Lôbos,
Victor Brecheret, Di Cavalcanti, Anita Malfatti, Vicente do Rego Monteiro,
Cândido Portinari, entre outros. (FINOCHIO 2011).
Um
pequeno grupo de artistas de Santos motivados pelos novos rumos da arte
brasileira de 1922 sai para pintar novas paisagens e atmosferas das cidades de Ouro
Preto, Paraty, São Sebastião e Bertioga, onde discutiam muito a utilização das
cores e matizes dos artistas europeus e o desenho geometrizado dos cubistas,
deixando de lado os modernistas brasileiros como Romeo de Graça paulistano
nascido em 1918 e radicado em Santos, que usou suaves pinceladas traduzidas em
transparências como uma nova interpretação da imagem que tendia ao abstrato. (FINOCHIO 2011).
O
artista Athayde Lopes nasceu em Santos em 1934 estudou pintura com
Lubra e sua obra traz grandes contrastes de luz nas paisagens rurais, marinhas
e casarios. Pessoa simples largou sua profissão de publicitário para viver só
de suas telas. Artista premiado, desenvolveu grande habilidade com a técnica de
pintura com espátula, sendo o céu sua marca registrada. Conseguiu reunir grande
número de alunos, em torno de seu cavalete em entidades e instituições
promotoras de curso de pintura em Santos. O público consumidor de suas telas
sempre esteve fora de Santos. (FINOCHIO 2011).
Nivaldo
Damy Inforzato,
nascido em Bocaina, 1931, valorizou muito paisagens urbanas das cidades
históricas e de Santos, com pinceladas suaves, iluminadas e bem colocadas pintou
a praia. Também estudou com Lubra, na cidade de Santos. Recebeu prêmios em
salões promovidos na cidade de Santos e no interior. Como Athayde, buscava
novas paisagens e novos ângulos do visual colonial urbano.(FINOCHIO 2011).
Omar
Pellegatta pintor e
gravador impressionista nascido na Itália, se destacou pela grande aceitação de
sua obra com temática nos velhos casarios coloniais, o sacro, as paisagens
rurais, contendo o elemento humano idealizado na figura de madonas, santos,
anjos e coroinhas. Pintou aos domingos a Santos da rua XV, da rua do Comércio e
do café, abordando um cotidiano tranquilo, tantas vezes molhado de chuva,
outras tantas sob as sombras projetadas pelos edifícios coloniais, desenhando
formas geométricas no chão pavimentado de pedras. (FINOCHIO 2011).
Artista premiado em salões nacionais, realizou inúmeras exposições coletivas e individuais pelo Brasil, foi professor de pintura na cidade de Santos e teve uma larga produção de óleos sobre telas. Os seus quadros são bem disputados em leilões de arte no território nacional. (FINOCHIO 2011).
Artista premiado em salões nacionais, realizou inúmeras exposições coletivas e individuais pelo Brasil, foi professor de pintura na cidade de Santos e teve uma larga produção de óleos sobre telas. Os seus quadros são bem disputados em leilões de arte no território nacional.
Acervos
santistas particulares eram coleções com exemplares de pintores de fora e obras
da pintura de "vanguarda", consagrados pela crítica ou pelos próprios
"patrocinadores", que tinham entrada fácil na mídia, levando os
pintores às galerias e aos salões. (FINOCHIO 2011).
Frequentar
coquetéis de inauguração de exposições, os “vernissages” não significava,
necessariamente, frequentar galerias de arte, e as "colunas sociais"
foram agentes de marketing para exposições, galerias e artistas da cidade. Ter
uma tela de um artista contemporâneo poderia ser um sinal de "status",
e a assinatura, no canto inferior a direita, da tela passou a ser uma
"grife". Mas a cidade sempre pôde contar com alguns colecionadores
rigorosos, criteriosos e de boa visão artística.(FINOCHIO 2011).
Armando
Moral Sendin, nascido
em 1928 no Rio de Janeiro com um currículo invejável, foi ceramista, escultor,
pintor e gravador sendo um dos mais prestigiados artistas plásticos que já
residiram em Santos. Com 6 anos de idade já estudava desenho e pintura na
Escola Nacional de Belas Artes de Córdoba na Espanha. Doutor em filosofia pela
Universidade de São Paulo viajou para o Chile para estudar Estética na
Universidade daquele país. Fez especialização em Estética na Sorbonne na França. (FINOCHIO 2011).
De volta ao Brasil, inaugura em São Paulo o Estúdio Sendin, buscando formar
novos artistas. Em 1964 vem morar em Santos, dedicando-se apenas à pintura como
um dos prestigiados nomes da arte contemporânea do Brasil na arte realista que
sucedeu a Pop-Art. Apesar de uma estética hiperrealista, Armando se diferencia
dos pintores norte-americanos, por sua temática menos fria ou impessoal.(FINOCHIO 2011).
Suas
figuras humanas, quase sempre, aparecem de costas ou de lado, imprimindo um
aspecto bastante natural, e a imagem hiper-realista do pintor, o clima que
evidencia o local da cena, tantas vezes de fácil identificação pela a
fidelidade do entorno, passam por um requinte "pictográfico", o
limite entre a pintura e a fotografia. (FINOCHIO 2011).
Suas
obras podem ser vistas no Palácio do Itamaraty, Museu do Artista Brasileiro em
Brasília, Museu de Arte Moderna de São Paulo, MASP, Pinacoteca do Estado de São
Paulo, Fundação Armando Álvares Penteado - São Paulo, Coleção da União
Panamericana de Washington D.C., Houston University, Texas, entre outros. (FINOCHIO 2011).
Outros
artistas trabalharam e trabalham a arte contemporânea em Santos. Algumas
tentativas de grupos e associações de artistas plásticos iniciaram em
cooperativas e outras iniciativas mais tímidas dentro do campo de mercado e das
artes plásticas. (FINOCHIO 2011).
José
Manoel de Souza Neto,
santista, nascido em 1947, atuou como pintor, professor, mantendo movimentado
ateliê na cidade até o final dos anos 1980. Em seu espaço -Integração,
Assessoria e Atelier- sempre de portas abertas para aqueles que se arriscavam
na iniciação das artes plásticas e o seleto grupo de apreciadores da pintura.(FINOCHIO 2011).
Nazareth
Motta Leite pintora
de temática ingênua, lírica e de marcante personalidade na estética que sugere
composições coloridas do mosaico e dos fragmentos de vitrais, também promove
exposições e na trajetória artística é responsável pela pintura interna da
atual Pinacoteca de Santos, onde trabalhou no restauro daquele palacete.
Enquanto diretora e curadora da Galeria de Arte do Centro Cultural Brasil
Estados Unidos (antiga União Cultural Brasil Estados Unidos), sucessora de
Paulo Prado, promoveu importantes exposições. Aos gestores dessa instituição,
devemos as mais importantes oportunidades de poder contar com nomes consagrados
do Brasil, em exposições, como Aldo Bonadei, Carlos Scliar, Manezinho de
Araújo, A. Volpi, Fukushima, Fulvio Penacchi, Aparicio Basílo da Gama, Darcy
Penteado, Qissak Jr., Octávio Araújo, Gilberto Salvador, Wega e muitos outros. (FINOCHIO 2011).
Nos
anos 1970, 1980, novos nomes se destacaram na cidade: Dmitri, o jovem artista
Paulo Consentino, Carlos Finocchio, Sônia Paul com suas tapeçarias,
Marco Antonio Rossi, Luiz Alberto Hamen, Helenos, Marjorie Sá, os
fotógrafos Marcos Piffer e Araquem Alcântara, entre outros. (FINOCHIO 2011).
As
associações de classes, sindicatos, centro culturais, clubes, bares, restaurantes
e raros espaços públicos tiveram que assumir o papel de curadores, mecenas e
promotores das artes plásticas na cidade de Santos, já que os espaços para
exposições dos artistas da região sempre estiveram ligados às instituições que
mantinham uma "galeria", ou uma área reservada para exposições. Encontrar
uma galeria de arte, autônoma, na sua real concepção, estrutura e
desenvolvimento, caracterizado como espaço de arte para exposição, promoção e
comércio de obras, seja de artistas da cidade, seja de outros nomes consagrados
no cenário cultural, não é coisa fácil.(FINOCHIO 2011).
CONSIDERAÇÕES
FINAIS DO AUTOR.
A
cidade agora é mais conhecida na categoria de cidade de veraneio, com pensões e
prédios de apartamentos para temporada e não mais como a cidade do porto e dos
negócios do café. Novas construções como hotéis agora não contam com todo
aquele luxo que era exigido pelos seus antigos frequentadores, erguidos na
região da praia sobre os grandes terrenos que um dia suportaram os palacetes da
elite empresarial cafeeira de Santos. Os lotes urbanos da orla da praia
passaram a ser disputados por construtoras de Santos e de São Paulo para
empreendimentos que tinham como público alvo os moradores de classe média da
capital e interior. Prédios com apartamentos de um ou dois dormitórios,
mantendo várias unidades por andar eram a tipologia mais utilizada. (FINOCHIO 2011).
Todo
o processo de transformação que a cidade de Santos sofreu, no período
pesquisado, refletiu tanto no comportamento, quanto na mentalidade da sociedade
santista. Essas influências perpassaram desde questões das relações sociais até
no próprio padrão estético da arquitetura, do urbanismo e da pintura santista.
Isso refletiu de várias formas no cotidiano da época, visíveis como as mudanças
na malha urbana e no estilo de viver e conviver, a busca por novas frentes de
trabalho e na formação profissional, transformações no uso dos edifícios
residenciais, públicos e de lazer, além de marcantes alterações nas relações
pessoais com troca de valores. (FINOCHIO 2011).
A
Santos colonial do porto de açúcar, a Santos da belle epoque do porto de café, transformada
pelos vários fatores expostos, ainda permanece, através das evidências da
trajetória dos grupos sociais no tempo e no espaço, das tramas e dos contextos,
dos modos de viver e conviver e principalmente, nas permanências que afloram no
cotidiano da cidade, de suas obras de arte e de seus agentes históricos. (FINOCHIO 2011).
Alguns
palacetes resistiram, abandonados, ao lado dos altos edifícios ao longo da
malha viária dos bairros da orla da praia de Santos, territórios das antigas
elites santistas. Um exemplo disso foi o casarão branco como ficou conhecida a
mansão da família Pires, que chegou a ficar em ruínas depois de servir como
escola, asilo e residência da família. Atualmente, encontra-se restaurado e
tombado, abrigando a Pinacoteca Municipal Benedicto Calixto. Um marco na
paisagem urbana, ícone de um tempo de prosperidade econômica, atmosfera europeia,
com sua arquitetura requintada e característica do início do século XX. (FINOCHIO 2011).
A
Rua do Comércio, Rua XV e o Largo do Valongo carregam símbolos históricos que
ainda se mantém viva no antigo centro de Santos, perpetuados pelo imponente
edifício, de estilo eclético, da Bolsa Oficial do Café, hoje, Museu do Café
do Brasil. Algumas poucas firmas de torrefação de café perfumavam o ar
da região central, ao lado de empresas e de escassas firmas de sacarias e
escritórios de corretoras de café, possibilitando o reviver de uma atmosfera
quase mágica do passado. (FINOCHIO 2011).
Já
os dois
teatros o Guarany e o Coliseu tiveram sua plateia modificada, da mesma
forma que sua realidade. Tornaram-se cinemas especializados em filmes
pornográficos, rompendo com as temporadas de espetáculos teatrais e de óperas
na cidade de Santos. (FINOCHIO 2011).
No
campo da pintura, fica evidente a sua tímida expressão nos finais do século XX,
já que a preocupação com a sobrevivência era mais forte que a busca de uma nova
linguagem plástica. A postura do artista plástico, tão empreendedor nos
movimentos culturais, sociais e políticos, não se manifestaram dessa forma na
cidade de Santos. Mesmo os "modernistas" que se lançaram para uma
nova leitura do espaço, buscando alternativas de expressão através da forma e
da cor, preferiram manter uma discreta postura de vanguarda, sem envolvimento
com ideologias ou novos posicionamentos perante o social. (FINOCHIO 2011).
Os
pintores não tiveram o mesmo princípio regionalista de "pintar" a sua
cidade de acordo com as novas tendências, que os poetas e escritores da região.
Preferiram, por muito tempo, se apoiar nos princípios e regras conservadoras da
academia, sob moldes franceses de tão pouca identidade com a realidade do
litoral paulista. (FINOCHIO 2011).
É
claro que o consumidor das artes plásticas se difere, e muito, do consumidor
das artes das letras. Mas, a concepção e a produção dos seus autores, tanto de
obras literárias como de obras plásticas, partindo de uma identidade
"nativista", sendo natural ou não da cidade, podem, perfeitamente,
caminhar sob a mesma ideologia e motivação, que resultaria numa harmonia
estética com correta autenticidade sem a obstinada perseguição aos moldes
importados, distantes da realidade de Santos. (FINOCHIO 2011).
REFERENCIA.
FINOCHIO Carlos.
SANTOS: PINTURA NO SÉCULO XX - Tradição, resistências e permanências. Professor
de História, Artista Plástico e Arquiteto. Mestre em História Social,
pós-graduado pela PUC SP, professor do curso de História da Universidade
Católica de Santos (História do Brasil, História Antiga e História da Arte).
Professor de História na Universidade Metropolitana de Santos (História do
Brasil, Patrimônio Cultural e Fundamentos de museologia). Publicado em 28 de abril
de 2011. Disponível em:
https://www.webartigos.com/artigos/artes-plasticas-em-santos-no-seculo-xx/64868 Acessado
em 16.09.2018.
5
pintores contemporâneos santistas
Disponível em https://www.juicysantos.com.br/cultura-e-eventos/arte/5-pintores-contemporaneos-santistas-que-voce-precisa-conhecer/
Publicado em 18/05/2015
Publicado em
Santos foi o
berço de grandes nomes da dramaturgia, como Plinio Marcos e abrigou mulheres
que entraram para a história, como Pagu.
Começou
a pintar como autodidata, em 1943. Com 20 anos já era profissional e premiado,
durante a Exposição Grupo dos 19. Aprimorou seus traços na Escola de
Belas-Artes de São Paulo e, mais tarde, embarcou para a França, onde
aperfeiçoou seus estudos de gravura em metal.
De
volta a Santos, fundou o Clube de Gravura, mais tarde Clube de Arte, local em
que marcou o iniciou de sua participação na vida artística e cultural
brasileira.
Suas
telas estão espalhadas em diversos museus, como Wisconsin State Museum College
Union (EUA), Museu Poushkin (URSS) e Museu de Arte Brasileira (SP).
O artista espalhou, e ainda espalha, um
pouquinho de Santos pelo mundo e nós amamos.
ERICA
GROPP COLEN
Estudou
artes plásticas, mas ao fim da faculdade acabou seguindo outro caminho. Anos
depois, durante um problema de saúde de sua mãe, acabou encontrando nos
esboços, feitos ao lado do leito do A.C Camargo, uma válvula de escape, para
ambas.
Atualmente,
sua mãe está bem, e as obras dela viajam o mundo em exposições. Todas com
guarda-sóis, peixes ou algo que simbolizem a nossa cidade.
RENATO
DE LONE
Apaixonado
pelo desenho desde cedo, Renato é autodidata. Suas obras são influenciadas por
nomes com Salvador Dali e Andy Warhol, no entanto os traços são singulares.
Utiliza
tinta em tela umedecida, base da aquarela, aliadas ao traço irregulares na cor
preta e manchas, também irregulares. Seu acervo esteve na Galeria de Arte Braz
Cubas, na exposição intitulada Amores Urbanos.
LUCIANA
FUTURO
Luciana Futuro afirma que aos sete anos, ganhou o melhor presente do Mundo, tintas, pincéis e tela,
o que deu a ela o Mundo. O acervo tem diversas temáticas, entre elas: A
Amazônia, Bahia, café, mulheres do Brasil e, é claro, a cidade de Santos.
Sua
galeria fica na Rua Minas Gerais, 83. Todos os trabalhos da artista ficam
expostos, às quartas-feiras, das 15 às 20 horas.
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